quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Comentário do livro "O que é punk?"



O que é punk? Esse é o nome do primeiro livro do dramatrugo Antonio Bivar, lançado pela coleção primeiros passos da editora brasiliense. Coleção essa muito interessante, pra qualquer assunto. Mas não pretendo me alongar aqui a falar sobre a coleção, o intuito aqui e é criticar o livro em questão.
Antônio Bivar é com certeza um grande escritor e antes de qualquer coisa, pelo que me parece realmente viveu o movimento punk, porém cabe a mim nesse espaço falar das coisas que não concordei no livro em questão, bem como exaltar as passagens mais interessantes. Pra não me perder, irei destacar as passagens e comentá-las, pela ordem que está no livro.

A pré história do punk.

Taí.... Já começou com algo desnecessário. Tudo bem, que ele seja um alto conhecedor de culturas, história e etc. Diga-se de passagem, a comparação do Beat com o punk, é simplesmente genial, porém se dá ao trabalho de escrever 29 paginas sobre movimentos que antecederam o punk, pra mim é exagero.
Mas, o mais interessante é que ele dedica 29 páginas pra falar do que aconteceu 20 anos antes do punk, mas não se da ao trabalho de dedicar nenhum parágrafo pra falar do punk rock novairquino. Onde tudo começou realmente. A única referência que ele faz ao som de nova york é la pras tantas do meio do livro( não lembro a página, e nem vou procurar), e que ele fala em outras palavras mais ou menos assim. "Ta... tudo bem....o punk realmente nasceu em nova york com ramones, heartbrakers e etc. Mas na verdade isso era o protótipo do punk que conhecemos." Essa pra mim é a pior parte do livro. Se Mr. Bivar se preocupasse em responder a pergunta do titulo do livro, ele não faria isso. O que é punk???? São os sex pistols com a camisa da suástica ou os anarco-punks pregando o anti-nazismo?? A resposta é simples, mas também não vou falar dela agora, deixarei essa parte pro final.

O nascimento do punk

"Eis o homem", É com essa alusão a obra do filosofo alemão que é apresentado o "pai do punk, Malcolm McLaren"(????) Interessante como o autor se esquece da terra do tio sam. O Mclaren(Não o do carro) era produtor dos New York Dolls, que apesar de nunca ter sido um sucesso de bilheteria, era um enorme sucesso de crítica. E as bandas de punk rock ja começavam a existir em nova york antes da inglaterra. Ramones, Heartbrakers, Dolls, Television, foram algumas das bandas que moldaram o que seria a contracultura punk, isso sem falar nas bandas de pré punk, como The Stooges e MC5. E foi assim que o "homem" levou o que sabia de nova york para a terra da rainha.

Implosão e explosão.

Esse capitulo é sensacional, pra quem gosta da história punk, ele retrata a historia da explosão do punk(Na inglaterra é claro) . Os primeiros, fanzines, primeiros festivais, primeiras, gangues, primeiras bandas, tudo isso muito interessante. E depois a retomada do punk através do hardcore e o pós punk . Realmente merece congratulações.
Porém a confusão sobre o que é punk continua deixando seus rastros (Acho que isso deve pela fase que o bivar viveu, chegando do punk no Brasil, aquela euforia, ninguém se preocupava em distinguir o punk). Primeiramente... Os sex pistols não eram anarquistas, não no sentido proudhoniano. Como diz o próprio johnny Rotten, o que eles estavam interessados mesmo era no caos(CHAOS!!!!), o punk dessa época não tava ai pra nada, não eram políticos como disse ainda o Joãozinho podre. Isso só veio um pouco depois, alguns punks aderiram ao anarquismo. Aqui cabe uma ressalva sobre a maior equivoco do livro... PUNK NÃO É ANARQUIA!. Esse é concerteza um equivoco da maioria das pessoas, não necessariamente todo punk é anarquista. Existem punks que são comunistas, por exemplo. Isso sem contar os niilistas e todos aqueles que se consideram apolíticos.
Movimento punk em São Paulo, Brasil
Esse é o ápice do livro, o movimento punk de São Paulo (ah...) foda eu queria ta la. Sempre que ouço pânico em SP dos inocentes, ou são Paulo do 365, sempre bate aquela emoção. Mesmo eu sendo até um tanto regionalista e adorar o nordeste, não tem como não se encantar com são Paulo. É muito boa a maneira que é retratada as histórias, as primeiras gerações das bandas,assim como no documentário botinada, também muito bom.

Conclusão:
O autor, creio eu, que pra tentar tornar o processo mais simples e mais acessível a todo mundo não retratou o punk do modo que deveria. O punk não possui só uma história, só uma criação. Um criador???? Ninguém criou o punk. O punk não tem heróis. Talvez esse receio em tornar o livro acessível acabou transmitindo uma imagem deturpada do punk pra quem não conhece.
Agora vou retomar a pergunta inicial, o que é punk? A verdade é que o Punk puro e simples não existe e nem nunca existiu, pra começar o punk de nova York não era o mesmo da Inglaterra das camisas nazistas e tampouco o mesmo dos jovens anarco-punks do século vinte e um que pregam o anti-fascismo. O punk é uma entidade abstrata que se transfigura de acordo com o tempo e a região. O espírito punk é o que realmente importa é o “do it your self”. Em todas as sua vertentes o principo do faça você mesmo sempre continua lá.
Por hoje é o suficiente, talvez no próximo post me alongue em comentar sobre o punk

Por Cristian Arão

2 comentários:

Paloma disse...

Interessante ver a história do punk sobre esse ponto de vista... Não que seja um ritmo que eu aprecie tanto, mas sempre gostei do lado "histórico" das coisas...

Nunca mais chamo punk de anarquista, hehe!

Abraços!

X disse...

opa, consegui um resultado